domingo, 14 de dezembro de 2014

'Tio, sua câmera é profissional ou semiprofissional?'

Ouvi essa pergunta ontem, à beira do rio Paraíba do Sul, enquanto tentava enquadrar um barco de pescador junto com as torres da Matriz de Resende, cidade onde vivo, no interior do Rio de Janeiro.

Respondi sem pensar - pois estava concentrado na foto - que a câmera era profissional. A autora da pergunta - uma adolescente que passava pelo local acompanhada da mãe -, duvidou da resposta e perguntou novamente: "Mas é profissional mesmo e não semiprofissional?" Respondi a mesma coisa pela segunda vez e ela se afastou com cara de que eu não devia saber a diferença entre uma coisa e outra. Depois que terminei de fazer as fotos do barco - foram muitas, de diversos ângulos -. lembrei da garota e da sua pergunta. E aí, com calma, pude pensar em uma resposta que talvez a convencesse.

Para começar, diria que câmera profissional é a câmera que o profissional usa, seja ela qual for. Alguém pergunta se o lápis do desenhista é semiprofissional ou se o pincel do pintor é profissional? Para mim, a única diferença - fora os requisitos óbvios (troca de lentes, rapidez e boa resolução) - é que a câmera do profissional precisa ser robusta o suficiente para suportar o uso constante, em condições adversas (chuva, poeira, neve, calor, frio, etc) sem nunca - ou quase nunca - apresentar problemas na hora do clique.

Deve ser também capaz de, em condições normais, resistir aos maus tratos diários do dono, que não costuma - e nem pode - ter maiores cuidados com o equipamento durante o trabalho. Se a câmera aguenta tudo isso e não reclama, é, com certeza, uma câmera profissional. Eu uso a minha diariamente (nunca saio de casa sem ela) há quatro anos. Durante esse tempo, ela foi para a oficina uma única vez para trocar o botão de disparo e algumas borrachas desgastadas pelo uso intenso. Voltou nova em folha e continua me dando alegrias.

Se penso em trocá-la por um modelo atual, com mais cara de "profissional"? Claro que sim, mas sem pressa ou obsessão pelo novo. Quando der, compro uma com o dobro de megapixels e um sensor mais poderoso. Se farei fotos melhores com a câmera nova? Claro que não. Continuarei fazendo o que sempre fiz, talvez com mais conforto no manejo dos botões, com mais facilidade aqui ou ali, mas nada que interfira diretamente no resultado final, que é determinado pela sensibilidade e pelo olho do fotógrafo. Esses dois itens, aliás, nunca mudaram desde a invenção da fotografia e, no fundo, é o que interessa. O resto é aparência. Aparência de profissional ou semiprofissional. E as aparências, muitas vezes, enganam.

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