terça-feira, 25 de março de 2008

Meio século de paixão pela fotografia

Exposição no Supremo Tribunal Federal, em Brasília, reúne 45 fotos de Gervásio Baptista, um dos mais antigos fotógrafos em atividade no mundo


A Esplanada dos Ministérios, em Brasília


O presidente Juscelino Kubitschek na inauguração de Brasília


Última foto do presidente Tancredo Neves


Oswaldo Aranha e Jango no enterro de Getúlio Vargas


Gervásio Baptista na Guerra do Vietnam...


e hoje em Brasília fotografando...


as sessões do Supremo Tribunal Federal

Do Portal G1

Ele viu de perto a guerra do Vietnam. Flagrou imagens de John Kennedy, Richard Nixon, Juan Domingo Perón, Charles de Gaulle, Che Guevara, Fidel Castro e tantos outros líderes políticos. Cobriu sete Copas do Mundo. Nos tempos áureos dos concursos de beleza, clicou as concorrentes aos títulos de Miss Brasil e Miss Universo.

De Getúlio Vargas até hoje, todos os presidentes do Brasil foram alvo de suas lentes. Gervásio Baptista tornou-se fotógrafo oficial e amigo de três deles: Tancredo Neves, de quem registrou os últimos momentos no Hospital de Base, em Brasília, João Goulart e José Sarney.

Ele também foi um dos primeiros a ver Getúlio morto. Diz que foi impedido de fazer essa foto. Mas as imagens do sepultamento, em São Borja (RS), acabaram rendendo uma voz de prisão. E uma edição especial da revista Manchete, onde, como diz, "puxou serviço" durante quatro décadas.

Fã de Henri Cartier-Bresson, um dos fundadores da lendária agência Magnum, passou a estudar fotografia aos nove anos. Ainda adolescente, começou a trabalhar "de calças curtas" em um jornal dos Diários Associados em Salvador. Depois de um episódio inusitado, o próprio Assis Chateaubriand o convidou para trabalhar na revista O Cruzeiro, no Rio.

"O Dr. Assis me pediu para entregar umas fotos dele e eu disse que não, porque poderia danificá-las. Me chamou de menino danado. Um ano depois, um portador me entregou uma passagem para o Rio", relata.

Brasília

Contribuiu para a fama do baiano a foto de um Juscelino Kubitschek sorridente e de cartola na mão, à frente do Congresso Nacional, na fundação de Brasília, em 21 de abril de 1960. Aos 84 anos e meio século de fotojornalismo nas costas, Gervásio Baptista quer mais. "A minha foto preferida ainda não fiz", diz, modesto.

Há nove anos prestando serviços para o Supremo Tribunal Federal (STF), é conhecido até pelos ministros por suas contagiantes gargalhadas. De presente, ganhou uma exposição na mais alta corte do país com 45 fotos que ilustram sua carreira. A mostra, gratuita e aberta ao público, foi aberta no dia último dia 12 pela presidente do STF, ministra Ellen Gracie. E tem flagrantes de 50 anos de história.

"Não estamos homenageando Gervásio, ele é que está nos homenageando. Eu, particularmente, quero muito bem a ele. Tenho uma enorme admiração por Gervásio, esse artista da câmera", disse o relator da ação que discute o futuro das pesquisas com células-tronco embrionárias, ministro Carlos Ayres Britto.

"Moço com seus 84 anos, armado sempre de máquina e de seu sorriso, trabalhando agora entre os ministros e os grandes advogados. Gervásio é um ícone e exemplo na história da imprensa brasileira", cita texto de autoria do atual senador José Sarney (PMDB-AP) em homenagem à exposição.

Apesar da idade, Gervásio – ou Gegê, como é carinhosamente chamado nos corredores da Suprema Corte – nem pensa em parar.

"Pretendo ainda fazer muita coisa - inclusive educar os netos. Continuo firme como o Pão de Açúcar. Espero, daqui a cinco décadas, repetir essa exposição."

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